terça-feira, 30 de setembro de 2008

Poeta: António Botto

Desconhecia por completo a existência de tal Senhor, talvez por falta de cultura geral, ou então por ele não ter sido verdadeiramente conhecido e falado!
Mas dei de caras, no site da Fnac, com um livro de poesia de António Botto... como não sabia quem era fui pesquisar a sua obra... obra a qual que acho simplesmente deliciosa! Para além de uma grande sensibilidade, demonstra uma grande capacidade de, na simplicidade das coisas e da vida, enaltecer aquilo que realmente é importante.
Mostro alguns dos seus poemas que considero mais bonitos:

1.

Se duvidas que teu corpo
Possa estremecer comigo -
E sentir
O mesmo amplexo carnal,
- desnuda-o inteiramente,
Deixa-o cair nos meus braços,
E não me fales,
Não digas seja o que for,
Porque o silêncio das almas
Dá mais liberdade
às coisas do amor.

Se o que vês no meu olhar
Ainda é pouco
Para te dar a certeza
Deste desejo sentido,
Pede-me a vida,
Leva-me tudo que eu tenha -
Se tanto for necessário
Para ser compreendido.

2.
Vês?

Veio o destino apartar-nos;
É preciso obedecer-lhe.
Mão oculta,
Quebrou, - e sem que a gente sentisse
O laço
Que nos prendia.

Porque seria?

Ainda quiz perguntar,
Mas, a quem?, doida agonia!

Não sei se fico contente,

Se hei de rir,
Se hei de chorar.

Ha coisas
Na vida inútil da gente
Que é bem melhor aceitá-las,
Assim: -
Silencioso, indiferente…

Para saber um pouco sobre a vida e obra deste poeta deixo aqui uns links:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Botto
http://mixbrasil.uol.com.br/cultura/poesia/botto.asp
http://poesiaseprosas.no.sapo.pt/antonio_botto/poetas_antoniobotto01.htm


Eu fiquei fan...

3 comentários:

Cravo a Canela disse...

Sábias palavras....

Também gosto muito deste poema, triste mas lindíssimo:

Não Me Peças Mais Canções

Se passares pelo adro
No dia do meu enterro,
Dize à terra que não coma
Os anéis do meu cabelo.

Já não digo que viesses
Cobrir de rosas meu rosto,
Ou que num choro dissesses
A qualquer do teu desgosto;

Nem te lembro que beijasses
Meu corpo delgado e belo,
Mas que sempre me guardasses
Os anéis do meu cabelo.

Não me peças mais canções
Porque a cantar vou sofrendo;
Sou como as velas do altar
Que dão luz e vão morrendo.

Se a minha voz conseguisse
Dissuadir essa frieza
E a tua boca sorrisse !
Mas sóbria por natureza

Não a posso renovar
E o brilho vai-se perdendo…
- Sou como as velas do altar
Que dão luz e vão morrendo.

António Botto

Leticia Gabian disse...

De visita em visita, vou conhecendo coisas e pessoas que me fazem bem.
Agradeço por me teres apresentado o Antonio Botto.

Deixo-te um beijo grande

Anónimo disse...

Pena não ter conhecido pessoalmente este meu familiar. Adoro sua escrita e tenho os livros todos dele. Alguns poemas não publicados que leio e volto a ler me deliciando com suas palavras...