sábado, 31 de janeiro de 2009

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Relento

Provámos já as amargas gotas de sol,
a evaporação dorida dos rios dessa poeira que acumulamos
nos pulsos, sem sabermos o poder de uma memória.

Assim caminhamos, onde a treva ocupa os ombros
e os pés perdem o sentido do chão e da viagem.
Cada rosto, um enigma de linhas.
Cada amor, um abismo nas mãos.

A palavra que erguemos, muralha de água que o vento
desfaz e expõe ao uso de tempo.

Faremos abrigos no relento de nós mesmos.
Haverá uma visão terrível quando olharmos a nossa própria nudez.
Virá então o fogo para acender um outro dia fundamental.

Vasco Gato

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Em falta...


Normalmente não costumo escrever nada no blog sobre aniversários, não por ser do contra, mas por gostar mais de acarinhar as pessoas ao vivo e a cores e para não tornar a vontade de acarinhar numa obrigação de o fazer, porque acredito que a repetição traz o hábito e a monotonia, o que me parece que desvaloriza o acto.

Hoje, abro uma excepção, porque estou em grande falta com duas pessoas muito especiais... e quero desta forma homenageá-los visto que o não pude fazer na devida altura, e ambos merecem toda a minha amizade e atenção, por isso cá vai...

Para o meu querido Zá, desculpa amiguito esta falta é imperdoável, mas a devido tempo serás recompensado (prometo!). Espero que tenhas tido um dia muito feliz, porque se há pessoa no Mundo que merece és tu, isto porque consegues fazer felizes todas as pessoas à tua volta. Com o teu espirito positivo, lutador, com o teu ar ternurento e a pessoa bonita que és, espalhas a boa energia e és sem duvida nenhuma um exemplo para todos nós. Por isso aqui ficam os meus sinceros parabéns! (atrasados)

Para a doce Letícia, desejo que esta nova aventura se torne a melhor experiência da tua vida, e que aquilo que semeaste no passado, venhas a colher no presente e no futuro com a amizade de todos nós. Porque nós queremos-te... bem! Muitos Parabéns!!!

Beijos muitos grandes aos dois!!!

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Primeiro beijo...



Obrigada por todos os momentos inesquecíveis que já passámos!

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

A busca



My life has had it’s share of troubles
And now I found a place to go
I’ve said goodbye to all my troubles’cause now
I’ve find my place to go

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Evolução

Fui rocha em tempo, e fui no mundo antigo
tronco ou ramo na incógnita floresta...
Onda, espumei, quebrando-me na aresta
Do granito, antiquíssimo inimigo...

Rugi, fera talvez, buscando abrigo
Na caverna que ensombra urze e giesta;
O, monstro primitivo, ergui a testa
No limoso paúl, glauco pascigo...

Hoje sou homem, e na sombra enorme
Vejo, a meus pés, a escada multiforme,
Que desce, em espirais, da imensidade...

Interrogo o infinito e às vezes choro...
Mas estendendo as mãos no vácuo, adoro
E aspiro unicamente à liberdade.

Antero de Quental

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Profecia

Nem me disseram ainda
para o que vim.
Se logro ou verdade,
se filho amado ou rejeitado.
Mas sei
que quando cheguei
os meus olhos viram tudo
e tontos de gula ou espanto
renegaram tudo
— e no meu sangue veias se abriram
noutro sangue...
A ele obedeço,
sempre,
a esse incitamento mudo.
Também sei
que hei-de perecer, exangue,
de excesso de desejar;
mas sinto,
sempre,
que não posso recuar.

Hei-de ir contigo
bebendo fel, sorvendo pragas,
ultrajado e temido,
abandonado aos corvos,
com o pus dos bolores
e o fogo das lavas.
Hei-de assustar os rebanhos dos montes
ser bandoleiro de estradas.
— Negro fado, feia sina,
mas não sei trocar a minha sorte!

Não venham dizer-me
com frases adocicadas
(não venham que os não oiço)
que levo caminho errado,
que tenho os caminhos cerrados
à minha febre!
Hei-de gritar,
cair, sofrer
— eu sei.
Mas não quero ter outra lei,
outro fado, outro viver.
Não importa lá chegar...
O que eu quero é ir em frente
sem loas, ópios ou afagos
dos lábios que mentem.

É esta, não é outra, a minha crença.
Raios vos partam, vós que duvidais,
raios vos partam, cegos de nascença!

Fernando Namora

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

O teu amor faz-me bem!

Isto é um pequeno agradecimento a uma prenda muito especial...
O teu amor faz-me muito bem!

Obrigada!

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Canção ao lado


Canção ao lado. - banda Deolinda

Desculpem todos os homens estudantes,
espíritos poetas, almas delicadas.
A falsidade do meu génio e das minhas palavras.
E é daí a lição que eu canto,
cada vida um espanto que é do bela graça,
mas eu só ambiciono arte de plantar batatas.


-Desculpem lá qualquer coisinha
mas não está cá quem canta o fado.
Se era pra ouvir a Deolinda,
entraram no sítio errado.

Nós estamos numa casa ali ao lado.
Andamos todos uma casa ao nosso lado.

Bem sei que há trolhas escritores,
de trato estucadores e serventes poetas;
e poetas que são verdadeiros pedreiros das letras.
E canta em arte genuína o pescador humilde,
a varina modesta;
e tanta vedeta devia dedicar-se à pesca.


[Refrão]


Por não fazer o que mais gosto
eu canto com desgosto, farto de aqui estar;
e algures sei que alguém mal disposto
ocupa o meu lugar.
Ninguém está bem com o que tem...
é sempre o que vem que nos vai valer;
porém quase sempre esse alguém não é quem deve ser.


[Refrão]


E é a mudar que vos proponho!
Não é um posso medonho em negras utopias;
é tão simples como mudarem de posto na telefonia.
Proponho que troquem convosco e acertem com a vida!

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

A Voz que Nos Rasgou por Dentro

De onde vem - a voz que
nos rasgou por dentro,
que trouxe consigo a chuva negra
do outono, que fugiu por
entre névoas e campos
devorados pela erva?

Esteve aqui — aqui dentro
de nós, como se sempre aqui
tivesse estado; e não a
ouvimos, como se não nos
falasse desde sempre,
aqui, dentro de nós.

E agora que a queremos ouvir,
como se a tivéssemos re-
conhecido outrora, onde está? A voz
que dança de noite, no inverno,
sem luz nem eco, enquanto
segura pela mão o fio
obscuro do horizonte.

Diz: "Não chores o que te espera,
nem desças já pela margem
do rio derradeiro. Respira,
numa breve inspiração, o cheiro
da resina, nos bosques, e
o sopro húmido dos versos."

Como se a ouvíssemos.

Nuno Júdice