terça-feira, 14 de outubro de 2008

2008 - Emigração clandestina africana, quem a quer?


João Afonso - Naufrago de las estrellas

De acordo com o jornal espanhol El Mundo, um portal senegalês (Le Sénégal de Senegalaisement), reconhecido pelo incentivo que faz à emigração clandestina para a Europa, afirma que Espanha é o melhor destino para a emigração senegalesa pelo menos nos próximos 4 anos em Governo socialista porque, segundo aquele portal citado pelo periódico espanhol, o primeiro-ministro Zapatero, recém reeleito, “facilite mucho la obtención de permisos de residencia a los senegaleses.

Ainda de acordo com o El Mundo o portal senegalês explica como poderão chegar às Ilhas Canárias e, daí, entrar em Espanha onde, pela sua situação na União Europeia, os senegaleses – e por extensão todos os africanos que partem do Senegal – poderão circular livremente no espaço europeu.

Quando se procura que a emigração clandestina seja reprimida, não como forma de evitar a entrada de africanos na União Europeia e forçar as muralhas da “Fortaleza Europeia”, mas como meio de impedir que pessoas sem escrúpulos se aproveitem das deficientes condições humanas que a maioria dos africanos (sobre)vivem no Continente, quando se procura evitar os inúmeros acidentes mortais com os periclitantes barcos ou dongos – cayucos – onde os candidatos a emigrantes se fazem transportar não se entende que um portal incentive os senegaleses – e por extensão os africanos dos países vizinhos – a emigrarem clandestinamente e, mais grave ainda, com o conhecimento das autoridades espanholas.

Mas de acordo com o portal senegalês não é só a Espanha o único país europeu atractivo para a emigração clandestina. Também França, Bélgica e Itália – este devido às suas inúmeras praias turísticas e ao muito sol onde se podem vender facilmente sucedâneos (leia-se falsificações) de uma reconhecida marca de óculos “aviadores” – são países interessantes para se emigrar.

Quando se verifica que em Portugal ainda persiste uma certa reticência à entrada de pessoas vindas das suas ex-colónias, por sinal, países que fazem parte da mesma zona linguística que Portugal e que, muito recentemente, viu o seu presidente, Cavaco Silva, defender mais participação e empenho português na referida organização, que dá pelo sugestivo nome de CPLP – se realmente alguém souber o que é e quais os seus reais objectivos que o digam –, constata-se que há países que parecem não ligar nem restringir essas entradas – na maioria das vezes são os imigrantes que fazem os trabalhos menos “interessantes” e participam mais activamente nas construções das grandes obras porque, devido à sua clandestinidade, são piores pagos que os gentios – e, mais grave ainda, são esses mesmos países que defendem a criação forças conjuntas militarizadas para impedir a referida emigração clandestina.

Mas talvez que Portugal comece a deixar entrar mais palopianos – os irmãos do Brasil já entram quase (eu escrevi quase) livremente – dado que o actual Governo socialista português – tal como o de Espanha – está em vésperas de eleições legislativas e, por esse facto, a pensar incentivar a construção de grandes empreendimentos que irão ocupar uma enorme mão-de-obra “não qualificada” – leia-se “mal paga” – que não dispõe entre os seus eleitores. Não esquecer que Portugal vai construir um enorme aeroporto para servir Lisboa, a linha ferroviária do TGV e várias vias rodoviárias, nomeadamente auto-estradas.

Felizmente para os políticos europeus que a hipocrisia ainda não mata...

por: Eugénio Costa Almeida

1 comentário:

A CONCORRÊNCIA disse...

A hipocrisia é dos politicos, dos patrões, de todos os que não têm respeito pelo ser humano. Quando será que as todas as pessoas começam a ser tratadas como seres humanos ?

Beijos